4.6.10

poema que não sabe

roberta silva

a morte sempre me visita
de surpresa beija minha boca
depois me cospe
e diz a que veio.

conversa comigo por horas a fio
relembra nossos encontros
me chama de querida.

elogia meu vestido
se gaba de ter me moldado
sou sua escultura.

brinca com meus cabelos
enquanto me conta
quem é a bola da vez.

sua naturalidade e frieza
me choca e entristece.

ela ignora argumentos,
histórias, consequências,
qualquer sofrimento.

por que fala comigo?
será solitária, 
quem sabe me odeia,
é sádica, será que se explica?

ou fala para mim
porque lhe dei ouvidos?

Um comentário:

Primeira Pessoa disse...

porque lhe dei "olvidos"...rs

só agora juntei o nome à pessoa, cortesia de líria porto.
tem uma galinha caipira esperando por nós em bh.
abração do
roberto.