30.5.07

Psicopata




Estranho-me.
Como quem estranha
livro de poeta vivo.
Um pavor.
O livro que leio é inacabado.
Leio-me e a eles
como quem lê uma cadeia genética
em mutação ainda.
Seres bestiais e celestes por segundo.
O que li está perdido ou pode se perder.
Com urgência, como se queimasse mãos.
Disfarçando, como não lesse.


Não quero ser cúmplice nesse momento.
Não. Quero ser cúmplice nesse momento.
Demoro.


A qualquer momento eu
ou o poeta vivo materializa-se
arranca-me o livro e assassina-me.
A qualquer momento eu
ou o poeta vivo materializa-se
arranca-me do livro e assina-me.


Testemunha ocular de seu crime imperfeito.
Esta fúria perfeccionista,
mesmo nos que se esmeram no desleixo,
é irmã gêmea da fé.

Move montanhas e teletransporta-se.


Poetas são egocêntricos.
Prefiro-me poeta morto.
texto e imagem: roberta silva

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