
Neblina veste a ventania
soprano desse festival de amor.
O enfeitiçado esgueira-se mata adentro
num uivo solo a desperta do torpor.
Na terça os lobos tiram as vampiras para dançar.
Luz negra tinge de azul a musa morta.
Curvado como um servo à sua esquerda,
Lupus, o lobo, a espera e vigia a porta.
Observa-a e a seus próprios pêlos se levantarem.
Na terça os lobos tiram as vampiras para dançar.
Arrasta-se mendicante, demarcando seu território.
Por covardia e devoção, lambe suas mãos.
Só eles conhecem o verdadeiro dia febril.
Na terça os lobos tiram as vampiras para dançar
Seminua, semicerrados os olhos
arrepia-se enquanto Lupus
enrosca-se cambaleante em seu corpo.
O amaldiçoado levanta-se.
Na terça os lobos tiram as vampiras para dançar
Quebrado metade de seu encanto
meio humano, meio fera
toma-a em seus braços
e amorosamente a dilacera.
Na terça os lobos tiram as vampiras para dançar
Lágrimas famintas e desejos saciados
inundam seu coração assassino.
Blasfema contra si e volta ao covil
para se recompor até a próxima segunda, pois
na terça os lobos tiram as vampiras para dançar.
texto: roberta silva
imagem: desconheço autoria
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